Autor: Chico Buarque
Direção: José Celso
José Celso Martinez Corrêa (Araraquara SP 1937). Diretor, autor e ator. Talvez o mais ousado na área.
Suas peças têm um estilo único, e é um tanto quando imprevisível.
Francisco Buarque de Holanda. Nasceu no dia 19 de janeiro de 1944. É para mim, o maior cantor e compositor brasileiro. Ele sempre se opôs à ditadura militar. Fazia musicas sempre alertando a população sobre o que os militares faziam com o povo. Ousado e corajoso. Escreveu o espetáculo “Roda Viva”.
Com uma dupla dessa, ninguém esperava pouco.
A peça gerou muita polêmica, pois trazia cenas violentas e muitos palavrões. Ficou famosa a cena em que os integrantes do coro do espetáculo, no papel de fãs em transe, simulavam a devoração do corpo do cantor despedaçando um fígado de boi cru, fazendo freqüentemente com que o sangue respingasse sobre a platéia.
Chico escreveu duas musicas para a peça, que viraram sucessos. "Sem Fantasia" e a música tema "Roda Viva".
Sinopse
"Roda Viva" conta a história de um ídolo criado e destruido pela tevê. Um rapaz, compositor e cantor de samba, aparece na televisão, querendo uma chance. Está vestindo um smoking já gasto e amarrotado. Chama-se Benedito Silva. No palco um coro vestindo longas túnicas vermelhas, cantando, com tristeza, Aleluia. Um anjo da guarda, que é empresário, toma-o como cliente e lhe diz que da maneira como está não serve: a tevê precisa de um ídolo. Depois que atinge o sucesso, cansado, ele volta para sua mulher Juliana. Um jornalista da imprensa marrom descobre que ele é casado e denuncia. Acusado de bêbado e casado, Ben Silver aproxima-se do fim. Pesquisa de opinião comprova sua derrota. A máquina que o criou tenta salvá-lo, transformando-o
Na época, Chico declarou: "Roda viva não é nem uma confissão, nem uma denúncia. Pode ser uma crítica. Eu não quis destruir o mito da tevê, nem tenho forças para isso, apenas tentei criticar esta mistificação que fazem em torno dos valores da televisão e a ausência de valores reais. Também não é minha intenção criticar este ou aquele estilo, esta ou aquela maneira de se portar do artista. Acho que cada um deve fazer o que entende. Se tem consciência de que o que faz é bom, ele não vai mudar. Eu também caí na Roda viva, se pudesse começar tudo de novo, preferia me arriscar pelo caminho de Silver do que continuar lastimando e bebendo como o sambista Mané, outra personagem da peça".
Conta Marília Pêra em seu livro "Vissi D`arte": "Roda Viva incomodava loucamente as pessoas. O elenco descia para a plateia, sacudia as pessoas, punha a língua para fora, fazia gestos obcenos, batia com a palma da mão no encosto das poltronas. Em 1968, isso era algo realmente assustador. Era uma montagem anárquica, revolucionária, que mexia com as pessoas. Mas o teatro estava sempre cheio, as pessoas queriam ser sacudidas".
O motivo para que eles fizessem isso com a platéia, era mostrar o incomodo da ditadura. Queriam fazer a platéia sentir isso, mesmo com sentido metafórico.
Em São Paulo, a peça virou um símbolo da resistência contra a ditadura. Os militares, atacaram durante a exibição da peça. Mas não ouve vitimas.
A peça é considerada como uma das melhores já feitas no Brasil. Faz parte da história de nosso povo, e influenciou muita gente, a se opor contra a ditadura.
Erick Tomazini •
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